POR MARI MONTEIRO
Artigo dedicado à Gestora Helena e à criança que nela habita desde sempre...
Ouvi, há um tempo atrás, que o ser humano tem aproximadamente sete anos para ser criança e o resto da vida para ser adulto. O autor, cujo nome não me recordo no momento, fazia uma alusão ao início da VIDA ESCOLAR. E, com ele, o início de uma série de responsabilidades e compromissos. Este cenário mudou um pouco de uns tempos para cá. Se pensarmos sob este ponto de vista, o ser humano tem cada vez MENOS TEMPO de ser criança, já que inicia a vida escolar cada vez mais cedo.
Não podemos deixar de perceber o quanto isso é TRISTE. Não encontrei adjetivo mais apropriado. Pensei em "violento"; mas lembrei-me da necessidade que os pais possuem de trabalhar e sustentar dignamente suas famílias. Fato é que os membros de uma mesma família se veem com uma frequência e com uma qualidade cada vez menores.
O convite para uma reflexão sobre este assunto surgiu à medida em que compreendi o quanto as crianças tem se transformado com a ADULTIZAÇÃO e passado por processos de EROTIZAÇÃO extremamente precoces.
Há mais ainda para lamentarmos. A esse pouco tempo que resta à criança para ser PLENAMENTE criança, somam-se fatores como: falta de espaço para o contato com o outro; afetividade; brincadeiras ao ar livre cada vez mais escassas... Ah! Se fosse só isso! O estrago, por assim dizer, é bem maior. Uma vez que se torna adulto cada vez mais cedo; mais cedo também são perdidos muitos VALORES e COSTUMES preciosos que, nós, da chamada GERAÇÃO "X" tivemos o privilégio de vivenciar.
Diante disso, me vem à mente uma questão que chega ser "injusta": Nós, da geração "X", subimos em árvores, brincamos ao ar livre, tomamos banho de chuva, inventamos boa parte de nossos brinquedos etc, mas CONSEGUIMOS nos adaptar à geração atual (aos nascidos na Era Digital). Em contrapartida, o oposto não é mais possível! Pois, há muito, perdeu-se o interesse por coisas como: comer jabuticaba no pé; jogar bola de meia; roubar bandeirinha; jogar "fubeca"; jogar pedrinha: passar anel... (Nossa! Chega! Já estou me sentindo "jurássica! rsrrsrs).
Enfim, devemos nos sentir, além de privilegiados em nosso DESENVOLVIMENTO SOCIAL E INTELECTUAL, felizes... Muito felizes. Fomos crianças. AINDA SOMOS... E, se quisermos, de verdade, podemos continuar sendo, através do cultivo da nossa criatividade, sensibilidade, espontaneidade e habilidade de enxergar além dos "muros" que nos são impostos a cada dia pela inevitável aspereza do cotidiano...