terça-feira, 19 de novembro de 2013

DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA

POR MARI MONTEIRO


Tenho para mim que os seres humanos nascem, de certa forma, livres de todo preconceito. Explico: Não acredito que exista um "gene do preconceito"; ou seja, que alguém já nasça predisposto a, gratuitamente, ser uma pessoa preconceituosa. 



Por outro lado, o preconceito, inegável e lamentavelmente, existe. O que nos remete a outras tantas reflexões: por que ser preconceituoso? O que se ganha (ou se perde) sendo preconceituoso? Em que momento de nossas vidas nos damos conta do preconceito em nosso meio? Até  então, estamos no âmbito da especulação social. Contudo; quando acontece conosco, quando sentimos alguma forma de preconceito na pele, é que percebemos o quanto este aspecto é pernicioso e  a intensidade da dor por ele causada.


Diante disso, não há como não refletir sobre o preconceito. Não que tal reflexão tenha data marcada para acontecer: apenas dia 20 de novembro de cada ano; mas, sim, diariamente, na nossa rotina social... É necessário acompanhar nossas próprias atitudes frente à diversidade que nos rodeia e dela tirar proveito, no sentido mais POSITIVO da palavra. Só aprendemos e amadurecemos com o que diverge de nós em todo e qualquer sentido. Há tanta riqueza; por exemplo, na cultura afro. Temos tanto ainda por aprender.  Daí a necessidade da convivência diária, do diálogo, da reciprocidade e do respeito mútuo. A título de conhecimento histórico, segue um pronunciamento da Sra. Ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, proferido em 2008, ocasião em que se comemorou 35 anos da Consciência Negra. (In. http://www.planalto.gov.br/seppir/20_novembro/apres.htm acesso em 19/11/2013)



“A luta pela liberdade dos negros brasileiros jamais cessou. Em 1971, um significativo capítulo de nossa história vinha à tona pela ação de homens e mulheres do Grupo Palmares. Lá do Rio Grande do Sul era revelada a data do assassinato de Zumbi, um dos ícones da República de Palmares. Passados sete anos, ativistas negros reunidos em congresso do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial cunharam o 20 de novembro como Dia da Consciência Negra. Em 1978, era dado o passo que tornaria Zumbi dos Palmares um herói nacional, vinculado diretamente à resistência do povo negro.

Herdamos os propósitos de Luiza Mahin, Ganga Zumba e legiões de homens e mulheres negras que se rebelaram a um sistema de opressão. Lançaram mão de suas vidas a se conformarem com a prisão física e de pensamento. Contrapuseram-se ante às tentativas de aniquilamento de seus valores africanos e contribuíram com seus saberes para a fundação e o progresso do Brasil.

Orgulhosamente, exaltamos nossa origem africana e referendamos a unidade de luta pela liberdade de informação, manifestação religiosa e cultural. Buscamos maior participação e cidadania para os afro-brasileiros e nos associamos a outros grupos para dizer não ao racismo, à discriminação e ao preconceito racial.

Que este 20 de Novembro, assim como todos os outros, seja de muita festividade, alegria e renove nossas energias para continuarmos nossa trajetória para conquista de direitos e igualdade de oportunidades. Estejamos todos, homens e mulheres negras, irmanados nesta caminhada pela liberdade e pela consciência da riqueza da diversidade racial!”

Resta -nos, assim, refletir o que (e o quanto) mudou desde 2008, ano em que tal discurso foi preferido. Principalmente, sobre o quanto já nos encontramos REALMENTE LIVRES das mais variadas formas de preconceito.




quarta-feira, 13 de novembro de 2013

TEMPO DE SER CRIANÇA

POR MARI MONTEIRO


Artigo dedicado à Gestora Helena e à criança que nela habita desde sempre...

Ouvi, há um tempo atrás, que o ser humano tem aproximadamente sete anos para ser criança e o resto da vida para ser adulto. O autor, cujo nome não me recordo no momento, fazia uma  alusão ao início da VIDA ESCOLAR. E, com ele, o início de uma série de responsabilidades e compromissos. Este cenário mudou um pouco de uns tempos para cá. Se pensarmos sob este ponto de vista, o ser humano tem cada vez MENOS TEMPO de ser criança, já que inicia a vida escolar cada vez mais cedo.


Não podemos deixar de perceber o quanto isso é TRISTE. Não encontrei adjetivo mais apropriado. Pensei em "violento"; mas lembrei-me da necessidade que os pais possuem de trabalhar e sustentar dignamente suas famílias. Fato é que os membros de uma mesma família se veem com uma frequência e com uma qualidade cada vez menores.


O convite para uma reflexão sobre este assunto surgiu à medida em que compreendi o quanto as crianças tem se transformado com a ADULTIZAÇÃO  e passado por processos de EROTIZAÇÃO extremamente precoces.


Há mais ainda para lamentarmos.  A esse pouco tempo que resta à criança para ser PLENAMENTE criança, somam-se fatores como: falta de espaço para o contato com o outro; afetividade; brincadeiras ao ar livre cada vez mais escassas... Ah! Se fosse só isso! O estrago, por assim dizer, é bem maior. Uma vez que se torna adulto cada vez mais cedo; mais cedo também são perdidos muitos VALORES e COSTUMES preciosos que, nós, da chamada GERAÇÃO "X" tivemos o privilégio de vivenciar.

Diante disso, me vem à mente uma questão que chega  ser "injusta": Nós, da geração "X", subimos em árvores, brincamos ao ar livre, tomamos banho de chuva, inventamos boa parte de nossos brinquedos etc, mas   CONSEGUIMOS nos adaptar à geração atual (aos nascidos na Era Digital). Em contrapartida, o oposto não é mais possível! Pois, há muito, perdeu-se o interesse por coisas como: comer jabuticaba no pé; jogar bola de meia; roubar bandeirinha; jogar "fubeca"; jogar pedrinha: passar anel... (Nossa! Chega! Já estou  me sentindo "jurássica! rsrrsrs). 


Enfim, devemos nos sentir, além de privilegiados em nosso DESENVOLVIMENTO SOCIAL E INTELECTUAL, felizes... Muito felizes. Fomos crianças. AINDA SOMOS... E, se quisermos, de verdade, podemos continuar sendo, através do cultivo da nossa criatividade, sensibilidade, espontaneidade e habilidade de enxergar além dos "muros" que nos são impostos a cada dia pela inevitável aspereza do cotidiano...