segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

RELAÇÃO PAIS E FILHOS NA CONTEMPORANEIDADE

POR MARI MONTEIRO

No início deste ano, o psicólogo Gordon Neufeld palestrou no Parlamento Europeu, em Bruxelas, sobre a "QUALIDADE Na INFÂNCIA". 


DR. Gordon Neufeld
Segundo seus estudos,  a ideia de fazer TUDO para que os filhos sejam felizes, evitando que chorem, está ultrapassada. A teoria de disciplinar sem que a criança chore está desatualizada. 



De acordo com Neufeld, as crianças precisam da tristeza para crescerem. Precisam de ter as suas lágrimas . Nos primeiros meses e anos de vida, o “não” dito pelos pais ajuda a disciplinar, em vez de estragar a criança. “Estamos a perder isso na nossa sociedade; assim  não admira que as crianças estejam estragadas com mimos. Afinal, elas são sempre as vencedoras”, continua o investigador que esteve em Lisboa a convite da empresa BeFamily, do Fórum Europeu das Mulheres, da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas e da Associação Portuguesa de Imprensa.


O psicólogo alicerça sua tese; sobretudo, na constatação de  que só se atinge o bem-estar através da educação e que esta deve estar a cargo das famílias e não do Estado. E que, para garantir o bem-estar de qualquer ser humano ou sociedade, é necessário atender SEIS NECESSIDADES:


 
► A primeira é o “aprender a crescer” e para isso há que chorar, é preciso que a criança seja confrontada, que viva seus conflitos, de modo que possa amadurecer, a tornar-se resiliente, a saber viver em sociedade.

► A segunda necessidade é a de favorecer que a criança possa criar vínculos profundos com os adultos,a fim de estabelecer relações fortes. COMO SE FAZ? “Ganhando o coração dos filhos. É preciso que os amemos para que eles nos amem. Temos de ter o seu coração, mas perdemos essa noção”, lamenta o especialista que conta que, quando lhe entram na consulta pais preocupados com o comportamento violento dos filhos, a primeira pergunta que faz é: “VOCÊS TEM O CORAÇÃO DE SEU FILHO?”, uma questão que poucos compreendem, confidencia.

► A terceira diz respeito à estreita ligação que deve existir entre pais e filhos. Esta ligação deve ser CONTÍNUA de maneira a evitar problemas. Neufeld recorda que o maior medo das crianças é o da separação. Quando estão longe dos pais, as crianças começam a ficar ansiosas e esse sentimento pode crescer com elas, daí a permanente procura de contato, por exemplo, entre os adolescentes com as mensagens enviadas por celular ou nas redes sociais, muitas vezes, ligando-se a pessoas que nem conhecem,com a finalidade de aumentar o CONTATO com outras pessoas.

► A quarta necessidade refere-se à garantias do   bem-estar dos filhos; ou seja, é a necessidade de descansar. Cabe aos adultos providenciar o descanso e este passa pelo fato de os pais serem pessoas seguras e que assegurem a relação com os filhos. Deste modo, a ansiedade das crianças tende a diminuir. Mesmo porque, uma criança que está ansiosa pela atenção dos pais não estrará satisfatoriamente atenta na escola, por exemplo.

►  Brincar é a quinta necessidade a ser suprida e que também deve contar com os pais. Não há mamífero que não brinque e é nesse contexto que a criança se desenvolve melhor,  aponta Neufeld. O autor ressalta que brincar não é estar à frente de uma TV ou de um computador; é “movimentar-se livremente num espaço limitado”, NÃO É ALGO QUE SE ENSINE OU QUE SE APRENDA. E, neste ponto, Neufeld critica o fato de as crianças irem cada vez mais cedo para a escola, o que não promove o desenvolvimento da brincadeira.


► A sexta necessidade é a de possuir e de desenvolver a  capacidade de sentir as emoções, de ter um “CORAÇÃO INSENSÍVEL”. “Estamos tão focados em questões de comportamento, de aprendizagem, de educação e em definir o que são traumas; que nos esquecemos do que são os sentimentos. As crianças estão a perder os sentimentos quando dizem ‘não quero saber’, ‘isso não me interessa’, estão a perder os seus corações sensíveis”, diz Neufeld.


Enfim, este resumo acerca das pesquisas do Dr, Neufeld, objetiva, no mínimo, chamar a atenção para um OLHAR MAIS PROFUNDO sobre as relações que tem sido estabelecidas entre pais e filhos; sobretudo, refletir e constatar a existência (ou não) de uma RELAÇÃO EMOCIONAL. As seis necessidades apontadas nos servem de norte para realizar uma avaliação sobre a qualidade destas relações que, indubitavelmente, reflete na qualidade das relações escolares e, consequentemente, no aprendizado EFICIENTE e SIGNIFICATIVO da criança.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

COPA DO MUNDO: HORA DO APRENDIZADO!!!

Por Mari Monteiro



2014: Copa do Mundo no Brasil!

Excelente tema para ser desenvolvido em sala de aula nas mais diversas disciplinas. Sobretudo, porque trata-se de um tema amplo, que oferece margens para os mais diferentes tipos de abordagem; ou seja, podemos desenvolver atividades que vão desde o orgulho e a felicidade de sediar uma copa  do mundo em nosso país, até os contrapontos alusivos ao evento; ou seja, até a abordagem crítica que inclui  a prioridade da construção de estádios em detrimento aos necessários e urgentes investimentos em educação, saúde e segurança, por exemplo.



Em nota divulgara ontem o Governo o Estado de São Paulo aborda o desenvolvimento de atividades relacionados ao evento. 

"A Educação vai fazer da Copa do Mundo no Brasil uma oportunidade de aprendizado e já iniciou a orientação a todos os professores, coordenadores e gestores da rede estadual. A proposta é que o maior campeonato de futebol seja levado para sala de aula e esteja presente nas mais diferentes disciplinas, inclusive como estratégia em ações que visam aproximar ainda mais a comunidade da rotina escolar." (Mais informações em  http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/copa-do-mundo-sera-tema-de-atividades-das-escolas-da-rede-estadual#.UuktfaFhAz0.email) 

Fato é que a Copa do Mundo de 2014, justamente por ser realizada no nosso país, oferece variadas oportunidades de trabalhos pedagógicos, visando, além da compreensão do evento em si, como das implicações sociais, culturais e econômicas que o cercam. Atividades estas que, com certeza, podem ser iniciadas já neste bimestre e finalizadas na volta das férias através da análise do êxito do evento, de modo a apontar os aspectos que foram favoráveis para o povo brasileiro e aqueles que, eventualmente, não foram.

Assim, acreditamos firmemente que nossos educadores realizarão um excelente trabalho nesse sentido, inclusive, abordando o patriotismo e a necessidade de compreensão acerca dos investimentos e dos possíveis benefícios advindos destes; ou seja, desenvolver; sobretudo com alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) conversas e registros sobre esta temática; a fim de abordar, consciente e criticamente as vantagens e as desvantagens resultantes deste evento. Uma sugestão de atividade, entre as centenas que os professores certamente pensarão, está a possibilidade de comparar os gastos/investimentos realizados no Brasil e nos demais países que já sediaram uma Copa do Mundo.

Bom início de trabalho a todos!!!

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

FAMÍLIA E ESCOLA: DISCUTINDO A RELAÇÃO

Por Mari Monteiro



Esta é a capa da conceituada Revista Educação, edição de Janeiro de 2014. O que, por si só, justifica o título deste artigo. O que está em pauta é a desgastada relação entre a escola e a família.


De acordo com a reportagem, que serve de base para este texto, o desgaste se deve; sobretudo, ao fato de que a analogia entre o estereótipo de família feliz da propaganda de margarina que era, de certa forma, transferido, para o encontro entre pais e professores, que também eram encontros felizes já não existe mais: "(...) os pais chegam junto à escola e se encontram com professores aos sorrisos. Nos livros, nos projetos pedagógicos, nas políticas públicas, encontra-se uma criança feliz na sala de aula e na vida.(...)" Camargo, 2014 - In. Rev. Educação -  Janeiro, 2014:40. Ocorre que tal visão, na realidade acadêmica, nas pesquisas de opinião e nos portão da escola ou na sala dos professores demonstra, exatamente, o oposto deste cenário.

Estudos realizados que enfatizam a urgência em melhorar a relação entre a escola e a família preveem que, antes de tudo, haja uma compreensão mais profunda do conceito de PARTICIPAÇÃO. Isso tudo porque a escola para a qual os pais entregavam seus filhos há décadas não existe mais. Há tempos a escola não tem mais, em primeiro plano, o caráter INSTRUCIONAL. Os papéis estão um tanto embaralhados e, em certas circunstâncias, beirando a inversão. Ou seja; não está mais claro que a escola instrui e a família educa. Segundo a pesquisadora Maria Alice Nogueira (UFMG), "os professores esperam dos pais um auxílio até mesmo para a tarefa de preparar, fixar ou estender as aprendizagens, como se a família devesse agora funcionar como um complemento pedagógico. Por outro lado, as famílias também querem que  a escola assuma funções de formação de valores, de condutas e até de desenvolvimento emocional dos alunos." (Op. Cit. :40)

Fato é que, de acordo com  informações dos questionários da Prova Brasil (2011),  para 95% dos professores os fracassos escolares são atribuídos à falta de assistência e de acompanhamento dos pais; para 82%, as causas estão relacionadas ao meio em que o aluno vive e, ainda, para 74% tem a ver com o nível cultural dos pais. Ou seja, para a maioria esmagadora dos professores, o retrato da família brasileira é o de PAIS DESCOMPROMETIDOS com o sucesso escolar dos filhos.

Já, quando a pesquisa envolve os pais, estes demonstram, em sua maioria, a insatisfação com a qualidade do ensino. Num estudo realizado, no Brasil, pelo IBOPE, em 2012, foi constatado que, no que se refere à qualidade do ensino nas escolas da Rede Pública, a nota foi 5,2 e 6,7 nas Escolas Privadas. Ou seja, os pais não estão satisfeitos nem com uma , nem com outra instituição. O fato curioso desta pesquisa é que os pais não se posicionam contrários aos professores. Eles afirmam que a maioria (80%) dos professores possui um conhecimento bom ou muito bom acerca das disciplinas que lecionam  e que uma das questões chave para solucionar o empasse seria a MELHORIA  DOS SALÁRIOS DOS DOCENTES.


Enfim, para instigar a continuidade desta conversa (que só iniciamos) e a busca de ações para que as "PARCERIAS", de fato aconteçam, adianto que esta não é uma empreitada fácil. E convido  todos a lerem, na íntegra, a reportagem de capa da Revista Educação, Ano 17 - 201 de Janeiro de 2014. Aos interessados que não encontrarem mais exemplares desta edição na banca, resta a opção solicitar o empréstimo da Revista na nossa Sala de Leitura. Será uma excelente reflexão e uma boa oportunidade para  ler os demais artigos igualmente relevantes. Além disso, seguem sugestões de leituras sobre o tema. Boa leitura!