quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

ALIENAÇÃO PARENTAL

POR MARI MONTEIRO


Ao ouvir este termo num documentário de TV, fiquei interessada em saber seu significado; sobretudo, devido aos artigos envolvendo o tema “Família”, que vem sendo postados no blog. Foi então que descobri que se trata de uma SÍNDROME: (SAP) – Síndrome da Alienação Parental.  É termo proposto por Richard Gardner, em 1985, para a situação em que a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper os laços  afetivos com o outro cônjuge, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro genitor.



Ao interpretar o significado, percebe-se que, apesar da denominação técnica um tanto ausente do nosso vocabulário, nós presenciamos muitos fatos e/ou circunstâncias a ele relacionados; sobretudo, no meio escolar, quando lidamos com os dramas familiares existentes. Daí a importância de estudarmos juntos e entendermos este tema de modo mais aprofundado. “Inclusive, porque se trata de um campo de estudo presente na LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL:” A lei prevê medidas que vão desde o acompanhamento psicológico até a aplicação de multa, ou mesmo a perda da guarda da criança a pais que estiverem alienando os filhos.” A Lei da Alienação Parental, 12.318 foi sancionada no dia 26 de agosto d e 2010. (In. http://www.alienacaoparental.com.br/to de 2010.

Apesar de recente, a Lei deixa claro que o fato de alienar os filhos, objetivando o distanciamento deste do pai ou da mãe é passível de multa, além de envolver uma eventual perda da guarda da criança de acordo com a gravidade do caso.

O que torna mais interessante ainda este estudo é que, ainda que de forma “inconsciente”, a maioria de nós já presenciou ou tomou conhecimento de atitudes similares. A diferença é que, comumente, usamos o termo: “Fulano fala mal da esposa para o filho.” Ou, ainda, “Fulano fica jogando a filha contra o pai.” O bom das circunstâncias serem devidamente nominadas e entendidas é que, a partir de então, se torna possível acionar  a Lei (a propósito tão desconhecida e distante de nós) e fazer valer direitos que, de outra forma, sequer saberíamos que existem.


Outro aspecto bastante interessante sobre a Alienação Parental é que os casos mais frequentes da Síndrome da Alienação Parental estão associados a situações onde a ruptura da vida conjugal gera, em um dos genitores, uma TENDÊNCIA VINGATIVA muito grande. Quando este não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. O que, convenhamos, chega a ser uma violência contra a criança que pode vir a se desenvolver acreditando que o seu pai (ou mão) possuem determinados “defeitos”, que não correspondem à realidade.

Chamou minha atenção, inclusive, o conhecimento do quão comum são os casos de Alienação Parental (além, obviamente, daqueles que não são oficialmente diagnosticados):

Estatísticas sobre a Síndrome da Alienação Parental
  • 80% dos filhos de pais divorciados já sofreram algum tipo de alienação parental.
  • Estima-se que mais de 20 milhões de crianças sofram este tipo de violência.

Diante disso, vale a pena aprofundar as discussões e as pesquisas sobre o tema e observar com mais SENSIBILIDADE e atenção os relatos de mães e de mães separados (situação esta cada vez mais comum na sociedade) a fim de verificar a existência ou não da prática de Alienação parental. Uma vez identificada, a prática pode ser informada à Gestão Escolar e, assim, ser discutida com os “envolvidos” e estes orientados a buscar auxílio psicológico. Mesmo porque, é quase certo que a criança que sofre este tipo de violência o reflita nas situações de aprendizado e no seu comportamento em relação aos colegas e professores, implicando diretamente na qualidade do seu RENDIMENTO ESCOLAR.

LEITURAS SUGERIDAS:







segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

RELAÇÃO PAIS E FILHOS NA CONTEMPORANEIDADE

POR MARI MONTEIRO

No início deste ano, o psicólogo Gordon Neufeld palestrou no Parlamento Europeu, em Bruxelas, sobre a "QUALIDADE Na INFÂNCIA". 


DR. Gordon Neufeld
Segundo seus estudos,  a ideia de fazer TUDO para que os filhos sejam felizes, evitando que chorem, está ultrapassada. A teoria de disciplinar sem que a criança chore está desatualizada. 



De acordo com Neufeld, as crianças precisam da tristeza para crescerem. Precisam de ter as suas lágrimas . Nos primeiros meses e anos de vida, o “não” dito pelos pais ajuda a disciplinar, em vez de estragar a criança. “Estamos a perder isso na nossa sociedade; assim  não admira que as crianças estejam estragadas com mimos. Afinal, elas são sempre as vencedoras”, continua o investigador que esteve em Lisboa a convite da empresa BeFamily, do Fórum Europeu das Mulheres, da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas e da Associação Portuguesa de Imprensa.


O psicólogo alicerça sua tese; sobretudo, na constatação de  que só se atinge o bem-estar através da educação e que esta deve estar a cargo das famílias e não do Estado. E que, para garantir o bem-estar de qualquer ser humano ou sociedade, é necessário atender SEIS NECESSIDADES:


 
► A primeira é o “aprender a crescer” e para isso há que chorar, é preciso que a criança seja confrontada, que viva seus conflitos, de modo que possa amadurecer, a tornar-se resiliente, a saber viver em sociedade.

► A segunda necessidade é a de favorecer que a criança possa criar vínculos profundos com os adultos,a fim de estabelecer relações fortes. COMO SE FAZ? “Ganhando o coração dos filhos. É preciso que os amemos para que eles nos amem. Temos de ter o seu coração, mas perdemos essa noção”, lamenta o especialista que conta que, quando lhe entram na consulta pais preocupados com o comportamento violento dos filhos, a primeira pergunta que faz é: “VOCÊS TEM O CORAÇÃO DE SEU FILHO?”, uma questão que poucos compreendem, confidencia.

► A terceira diz respeito à estreita ligação que deve existir entre pais e filhos. Esta ligação deve ser CONTÍNUA de maneira a evitar problemas. Neufeld recorda que o maior medo das crianças é o da separação. Quando estão longe dos pais, as crianças começam a ficar ansiosas e esse sentimento pode crescer com elas, daí a permanente procura de contato, por exemplo, entre os adolescentes com as mensagens enviadas por celular ou nas redes sociais, muitas vezes, ligando-se a pessoas que nem conhecem,com a finalidade de aumentar o CONTATO com outras pessoas.

► A quarta necessidade refere-se à garantias do   bem-estar dos filhos; ou seja, é a necessidade de descansar. Cabe aos adultos providenciar o descanso e este passa pelo fato de os pais serem pessoas seguras e que assegurem a relação com os filhos. Deste modo, a ansiedade das crianças tende a diminuir. Mesmo porque, uma criança que está ansiosa pela atenção dos pais não estrará satisfatoriamente atenta na escola, por exemplo.

►  Brincar é a quinta necessidade a ser suprida e que também deve contar com os pais. Não há mamífero que não brinque e é nesse contexto que a criança se desenvolve melhor,  aponta Neufeld. O autor ressalta que brincar não é estar à frente de uma TV ou de um computador; é “movimentar-se livremente num espaço limitado”, NÃO É ALGO QUE SE ENSINE OU QUE SE APRENDA. E, neste ponto, Neufeld critica o fato de as crianças irem cada vez mais cedo para a escola, o que não promove o desenvolvimento da brincadeira.


► A sexta necessidade é a de possuir e de desenvolver a  capacidade de sentir as emoções, de ter um “CORAÇÃO INSENSÍVEL”. “Estamos tão focados em questões de comportamento, de aprendizagem, de educação e em definir o que são traumas; que nos esquecemos do que são os sentimentos. As crianças estão a perder os sentimentos quando dizem ‘não quero saber’, ‘isso não me interessa’, estão a perder os seus corações sensíveis”, diz Neufeld.


Enfim, este resumo acerca das pesquisas do Dr, Neufeld, objetiva, no mínimo, chamar a atenção para um OLHAR MAIS PROFUNDO sobre as relações que tem sido estabelecidas entre pais e filhos; sobretudo, refletir e constatar a existência (ou não) de uma RELAÇÃO EMOCIONAL. As seis necessidades apontadas nos servem de norte para realizar uma avaliação sobre a qualidade destas relações que, indubitavelmente, reflete na qualidade das relações escolares e, consequentemente, no aprendizado EFICIENTE e SIGNIFICATIVO da criança.