quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

AS DIFERENÇAS ENTRE PROFESSOR E “O” PROFESSOR

POR MARI MONTEIRO



Sempre ouvi dizer que há “PROFESSORES” e “PROFESSORES”. Prefiro dizer que existe Professor: aquele que, literalmente, dá sua aula... Sempre “no automático”, contanto que o salário dele entre na conta... E existe “O” Professor: aquele que quer SER EDUCADOR; que anseia por mudanças; que acredita que a educação é um FATOR DE TRANSFORMAÇÃO; que não se deixa abater; ao contrário, PERSISTE e supera todos os obstáculos.


Nós, equipe do Carlos Drummond de Andrade, temos a honra de conhecer e de conviver com excelentes profissionais da educação. Dentre eles, está “O” Professor Aldo, professor eventual; mas com COMPROMISSO que muitos titulares de cargo não possuem. Tenho a honra de conhecê-lo pessoalmente. Pois, por duas ocasiões em que ocupei a função de vice-diretora, lembro-me dele chegando com seu boné e com sua maleta todo solicito; uma POLIDEZ rara de se ver. Pronto para entrar na sala que fosse necessário. Ele sempre possui atividades para todas as ocasiões!

Outra característica marcante do professor Aldo é que, ao final do período ou de uma aula dada, ele sempre tem algo pra nos dizer. Ele sente como poucos, quando sua aula é producente para os alunos e quando não é. Olha que conheço muitos efetivos (mas muitos mesmo!!!) e, raríssimas foram as vezes em que os vi, literalmente, ABATIDOS, devido a uma aula que não rendeu o que deveria. Pois, o Professor Aldo nunca se envergonhou de, por vezes, demonstrar sua tristeza diante de uma ou outra aula que não lhe parecesse satisfatória  e, nem tão pouco se privou de sentir  a  SATISFAÇÃO de ministrar uma aula em  que todos prestaram atenção ao que ele ensinou. Satisfação esta que sempre pode ser “lida” nos seus olhos e no seu sorriso franco.

Enfim, nesta segunda-feira, os professores do EJA e a Gestão da Escola Carlos Drummond de Andrade comemoraram os 70 anos do professor Aldo,  que aniversariou em 15 de fevereiro e teve que se retirar do magistério devido à idade e não com a digna e MERECIDA aposentadoria. Pois, aos eventuais, não é garantido o direito à aposentadoria (acreditam???). 




E, assim, não da forma como gostaríamos e consideramos JUSTA ele encerra assim sua brilhante carreira: “O” PROFESSOR ALDO. Desejamos que todo reconhecimento lhe seja concedido em formas de bênçãos; de muita saúde e de muita sabedoria (coisa que ele tem de sobra).
PARABÉNS PROFESSOR ALDO. SOMOS IMENSAMENTE GRATOS PELA SUA COMPANHIA POR TANTOS ANOS...

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

PRESENTE DRUMMONIANO (Baseado na poesia “Os ombros suportam o mundo” de Carlos Drummond de Andrade)

POR MARI MONTEIRO



A partir  de um neologismo e sob a INSPIRAÇÃO de Carlos Drummond de Andrade, teço um presente para TODOS nós nesta tarde de quarta-feira. Não é um presente convencional. Drummond não era convencional. Afirmo isso; sobretudo, porque não é um presente material. Não estou nos presenteando com roupas da moda; com calçados caros; com um carro de luxo ou com uma joia... Enfim, com NADA que nos favoreça apenas a APARÊNCIA FÍSICA. Mesmo porque isso é o que menos importa... Somos como somos. Sob a epiderme, somos todos iguais.

Trata-se de um presente para nossa alma. Cuja beleza e leveza (estas sim!) são DIFERENTES. Mudam de pessoa para pessoa. São alteradas de acordo com rumos de nossas vidas, de acordo com o que VALORIZAMOS ou SUBESTIMAMOS e de acordo com as "bagagens" que colocamos sobre nossos ombros.


Muitas vezes, carregamos “PESOS” que não são, de verdade, os nossos. Particularmente, tenho aprendido isso com a ajuda de algumas RARAS PESSOAS e com muita dificuldade. Dificuldade esta que se torna irrisória diante do quanto nosso olhar se distancia das pequenezas desta vida e se volta para aquilo que realmente importa: os sentimentos  NOBRES e "INVENDÁVEIS"...

Nossa vida, por sua vez, passa veloz independentemente  dos bens materiais que POSSUÍMOS; do que VESTIMOS; das MÁSCARAS que usamos.  A vida é tão breve que, por vezes, atropela o corpo e entorpece os sentidos. Eis o perigo: viver sem “desconfiar” do quanto a vida é rara; do quão rápido envelheceremos... Sem pensar no que deixaremos ou levaremos dela...

Então, é chegada a hora de pisar no freio e repensar. Como sabemos? Nossos ombros doem, porque o “peso” é grande.  Doem porque não “carregamos” apenas nossa PRÓPRIA VIDA; carregamos também outras tantas que, por algum motivo (nem sempre legítimo e bem intencionado), nos interessam. Não reparar estes sinais é fatal. Quando isso acontece, tem início um PROCESSO DE OCUPAÇÃO do “território humano”... Sobra muito pouco ou nenhum espaço para nossa própria vida; para as bagagens que, de fato, são nossas. É quando se instala o processo de DEGENERAÇÃO mencionado por Drummond: “(...) E os olhos não choram. / E as mãos tecem apenas o rude trabalho./ E o coração está seco. (...)”.

Para nossa satisfação, a vida oferece oportunidades diárias; hora a hora; a cada batida de coração. Enquanto vivermos, é possível “RECOMEÇAR E MODIFICAR NOSSA HISTÓRIA” (não por acaso, ouvi isso hoje de um destes Anjos que caminham sobre a Terra). Porém, perceber ou não estas “OPORTUNIDADES DE RECOMEÇO E DE RENOVAÇÃO” depende do quanto estamos ou não ATENTOS às nossas próprias atitudes, palavras e pensamentos. Ou seja, quanto mais prestarmos atenção, antes, em nós mesmos, maior será a probabilidade de PERCEPÇÃO. Pois, chega um determinado momento em que não nos restam muitas escolhas: ou somos nós mesmos ou nos tornamos o que os outros querem que sejamos.



Sem dúvida, é essencial se importar com nosso semelhante; o que é diferente de viver POR ELE.  É essencial reconhecer nossos amigos; o que é diferente de rotulá-los. É essencial olharmos as pessoas nos olhos; o que é diferente de enxergar suas angústias e, sobre elas, tripudiar. Neste momento, como diz Drummond: “os delicados preferem morrer”. Quanto a nós, qualquer um de nós que tenha lido este artigo até aqui, não queremos morrer! Ao menos não sem, antes, descobrir ou, ao menos, ter uma VAGA ideia do que viemos fazer aqui e do que estamos “trabalhando” para nos tornar.

Finalmente, para fortalecer essa NOSSA busca consciente, nada como o poema de Drummond. Aproveite. Saboreie cada palavra. Ele é o “laço” do presente que estamos oferecendo à nossa alma hoje.



Os Ombros Suportam o Mundo
(Carlos Drummond de Andrade)

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

CONTINUANDO A CONVERSA: REDES SOCIAIS E APRENDIZAGEM

POR MARI MONTEIRO


“De acordo com estatísticas do Facebook, atualmente, o Brasil é o terceiro maior USUÁRIO GLOBAL dessa rede. Com 76 milhões de usuários, nosso país fica atrás apenas da Índia (que tem 82 milhões) e dos Estados Unidos (que tem 179 milhões).” (In. Revista Presença Pedagógica – Vol. 19 – N. 114, Nov. / dez. 2013: 55).

A criação de um perfil no Facebook é um bom começo para que os educadores se aproximem mais de seus alunos e inicie uma relação mais próxima com as redes sociais. Hoje são raros os alunos que não perguntam ao seu professor se ele tem Facebook; isso sem falar em Instagran; Twitter: Whatsap etc.


De acordo com o filósofo francês Pierre Levy (Op. Cit.), a rede se forma por uma questão de IDENTIDADE, aproximando pessoas de diferentes lugares do mundo. Nesse sentido, ele afirma que o tempo e o espaço configuram uma REALIDADE SOCIAL VIRTUAL chamada de ciberespaço, que traz alterações PROFUNDAS na nossa maneira de AGIR e de INTERAGIR. Por essa razão, é preciso rever, ampliar e recontextualizar os conceitos de tempo, espaço e distância. Na escola contemporânea, o tempo de aprender EXTRAPOLA O HORÁRIO ESCOLAR. A distância entre o professor e o aluno se encurta no ciberespaço.


Os argumentos de Levy (2014) já seriam suficientes para que todos nós vivenciássemos esta experiência: aproximar-nos dos alunos através de uma rede social.  Ainda assim, a resistência é grande. Resistência esta que, muitas vezes, vem acompanhada de um preconceito infundado: o medo de se expor demais. Isso NÃO existe. A partir do momento que crio um perfil social, eu o configuro de acordo com o que me convém. Se bem que se for para ter um perfil social e (como o próprio nome sugere) não socializar nada com ninguém, é melhor comprar um diário com chave e expressar nossas opiniões nele.



É, no mínimo, interessante, tanto para o aluno como para o professor e até mesmo para os colegas de trabalho, conhecer as preferências e os princípios uns dos outros através do ciberespaço. Isso porque, dependendo da forma como um usuário administra seu perfil, é possível estabelecer uma troca muito significativa de informações. Informações esta que, no espaço físico da escola, se perdem ou, simplesmente, não acontecem.


Diante disso, assim como recomenda o filósofo Pierre Levy (Op. Cit.), caso desejemos uma melhor relação com nossos alunos e mais eficácia ao ensinar, a RECONTEXTUALIZAÇÃO de nossa forma de ensinar é urgente. Porém, isso implica na consideração de diversos fatores como: recursos; disponibilidade de tempo fora do espaço escolar; ter clareza de que alguns softwares didáticos trazem uma estrutura tão rígida e conteudistas que, por isso, NÃO DEVEM ser comparados com uso da tecnologia em prol da INTERAÇÃO possibilitada pelas redes sociais. Estes e outros aspectos que despertarem dúvidas podem(e devem!) ser, ampla e criticamente, discutidos nas escolas de modo a tornar viável a interação significativa e o uso QUALITATIVO e CONSCIENTE das redes sociais.

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BOA LEITURA!!!