quarta-feira, 30 de outubro de 2013

111 ANOS DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

POR MARI MONTEIRO


De certo que o poeta bem sabia o que estava dizendo.  Os dias são lindos quando proclamados como tal. Acreditar que a beleza existe em cada dia de uma forma diferente é o ponto de partida para o reconhecimento e para a valorização das coisas simples. 

Outra coisa que Drummond dizia  era que" se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente, lutarmos pelo melhor.O melhor vai se instalar em nossa vida.Porque sou do tamanho daquilo que vejo,e não do tamanho da minha altura."  Não há dúvida de que ele escrevia sobre o AMOR, sobre a PERSEVERANÇA,  a FELICIDADE e sobre uma vontade desenfreada de VIVER INTENSAMENTE.


Em 1921 começou a publicar artigos no Diário de Minas. Em 1922 ganha um prêmio de 50 mil réis, no Concurso da Novela Mineira, com o conto "Joaquim do Telhado". de Morais. Funda "A Revista", veículo do Modernismo Mineiro.Drummond leciona português e Geografia em Itabira, mas a vida no interior não lhe agrada. Volta para Belo Horizonte, emprega-se como redator no Diário de Minas. Em 1928 publica "No Meio do Caminho", na Revista de Antropofagia de São Paulo, provocando um escândalo, com a crítica da imprensa. Diziam que aquilo não era poesia e sim uma provocação, pela repetição do poema. Como também pelo uso de "tinha uma pedra" em lugar de "havia uma pedra". Ainda nesse ano, ingressa no serviço público. Foi auxiliar de gabinete da Secretaria do Interior de Minas.


Em 1934 muda-se para o Rio de Janeiro, vai trabalhar com o Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema. Em 1940 publica "Sentimento do Mundo" influenciado pela Segunda Guerra Mundial. Em 1942 publica seu primeiro livro de prosa, "Confissões de Minas". Entre os anos de 1945 e 1962, foi funcionário do Serviço Histórico e Artístico Nacional.

Em 1946, foi premiado pela Sociedade Felipe de Oliveira, pelo conjunto da obra. O modernismo exerceu grande influência em Carlos Drummond de Andrade. O seu estilo poético era permeado por traços de ironia, observações do cotidiano, de pessimismo diante da vida, e de humor. Drummond fazia verdadeiros "retratos existenciais", e os transformava em poemas com incrível maestria.


A poesia de Carlos Drummond de Andrade era facilmente entendida e captada pelo grande público, o que o tornou poeta popular, o que não quer dizer que seus poemas fossem superficiais. 
Em 1950, viaja para a Argentina, para o nascimento de seu primeiro neto, filho de Julieta, sua única filha. Nesse mesmo ano estréia como ficcionista. Em 1962 se aposenta do serviço público mas sua produção poética não para. Os anos 60 e 70 são produtivos. 



Escreve também crônicas para jornais do Rio de Janeiro. Em 1967, para comemorar os 40 anos do poema "No Meio do Caminho" Drummond reuniu extenso material publicado sobre ele, no volume "Uma Pedra no Meio do Caminho - Biografia de Um Poema". Em 1987 escreve seu último poema "Elegia de Um Tucano Morto".
E, agora, presentemos a você, leitor, com uma das muitas obras primas de Drummond... 

"Desejo a você... 

Fruto do mato
 Cheiro de jardim 
Namoro no portão 
Domingo sem chuva 
Segunda sem mau humor 
Sábado com seu amor 
Ouvir uma palavra amável
 Ter uma surpresa agradável
 Noite de lua Cheia 
Rever uma velha amizade 
Ter fé em Deus 
Não ter que ouvir a palavra não 
Nem nunca, nem jamais e adeus. 
Rir como criança
 Ouvir canto de passarinho 
Escrever um poema de Amor que nunca será rasgado 
Formar um par ideal 
Tomar banho de cachoeira 
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada 
Pôr-do-Sol na roça, uma festa, um violão, uma seresta 
Recordar um amor antigo 
Ter um ombro sempre amigo 
Bater palmas de alegria Uma tarde amena 
Calçar um velho chinelo 
Sentar numa velha poltrona 
Tocar violão para alguém 
Ouvir a chuva no telhado 
Vinho branco 
Bolero de Ravel... E muito carinho meu".




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