POR MARI MONTEIRO
Artigo dedicado às
Gestoras Helena e Conceição (sabedoras, mesmo que inconscientes da prática do
Ubuntu desde que nasceram).
► Não haveria um período mais propício para conhecermos e para compartilharmos uma Filosofia africana Ubuntu. O fato abaixo esclarece o porquê de sua importância:
Um antropólogo
estava estudando os usos e costumes de uma tribo na África e, quando terminou
seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de
volta pra casa. Sobrava muito tempo, mas ele não queria catequizar os membros
da tribo, então, propôs uma brincadeira para as crianças, que achou
ser inofensiva.
Comprou uma porção
de doces e guloseimas na cidade, colocou tudo num cesto bem bonito com laço de
fita e deixou o cesto debaixo de uma árvore. Chamou as crianças e combinou que
quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto e,
a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.
As crianças se
posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo
sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente todas as
crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto.
Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.
O antropólogo foi
ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só
poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.
Elas simplesmente
responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as
outras estivessem tristes?"
Como podemos perceber,
temos muito que aprender com a cultura africana. Uma filosofia, a princípio,
simples, mas que envolve uma complexa e NECESSÁRIA mudança de postura. Uma
postura voltada para a coletividade; para o zelo com o semelhante. Por isso,
vale a pena conhecer alguns de seus princípios básicos.
Ubuntu é visto como
um dos princípios fundamentais da nova república da África do Sul (no Zimbabue
por exemplo, Ubuntu tem sido usado como forma de resistência à opressão
existente no país), e está intimamente ligado à ideia de uma Renascença
Africana. Na esfera política, o conceito do Ubuntu é utilizado para enfatizar a
necessidade da união e do consenso nas tomadas de decisão, bem como na ética
humanitária envolvida nessas decisões.
Ubuntu é uma ÉTICA
ou IDEOLOGIA da África (de toda a África, em particular a palavra é de origem
Bantu. É uma filosofia Africana que existe em vários países de África), focada nas
alianças e relacionamento das pessoas umas com as outras. A palavra vem das
línguas dos povos Banto; na África do Sul nas línguas Zulu e Xhosa. Ubuntu é
tido como um conceito tradicional africano.
Uma tentativa de
tradução para a Língua Portuguesa poderia ser "humanidade para com os
outros". Outra tradução poderia ser "A CRENÇA NO COMPARTILHAMENTO QUE
CONECTA TODA A HUMANIDADE.” ·.
Há inclusive uma definição
muito pertinente feita pelo Arcebispo DESMOND TUTU: “Uma pessoa com ubuntu está
aberta e disponível aos outros, não preocupada em julgar os outros como bons ou
maus, e TEM A CONSCIÊNCIA DE QUE FAZ PARTE DE ALGO MAIOR e que é diminuída
quando seus semelhantes são diminuídos ou humilhados, torturados ou
oprimidos.” (in. http://www.espacoubuntu.com.br/a-filosofia-ubuntu.html)
Enfim, não há como conhecer a filosofia Ubuntu e permanecer
inalterado espiritual e psicologicamente. Somos tentados, no mínimo, a repensar
nosso olhar para o outro: o quanto julgamos? O quanto amamos? O quanto nós nos
importamos com os semelhantes? O quanto meu estado de felicidade está conectado
a felicidade dos outros. Isso explicaria algumas coisas. Dentre elas, me ocorre
agora, um fato que, confesso, desde criança, me intriga: POR QUE DETERMINADAS
PESSOAS QUE, MATERIALMENTE, TEM TUDO, PERMANECEM INFELIZES?
Escrevendo este artigo, encontrei uma resposta muito plausível: Se o que esta pessoa pertence apenas a ela e não contribui para satisfazer as necessidades de mais ninguém; se somente ela tem acesso à sua SUPOSTA RIQUEZA, com quem ela vai sorrir? Com quem dividirá seus feitos e seus fardos? Então, conclui que a FELICIDADE só é mesmo REAL quando COMPARTILHADA!
FELICIDADE COMPARTILHADA É A AUTÊNTICA FELICIDADE
PORTANTO, DESTE MOMENTO EM DIANTE, MUITO UBUNTU PARA VOCÊ E
PARA MIM!!!
3 comentários:
UBUNTU para todos nós. Compartilhar é algo que precisamos experimentar para pegar "gosto". Nós educadores precisamos vislumbrar e oferecer alternativas viáveis que favoreçam o entendimento e respeito pela diversidade com as quais estamos lidando, entendendo definitivamente que somos referência e, portanto temos um comprometimento com as famílias e consequentemente com a comunidade do entorno da escola, bem como com a Sociedade da qual fazemos parte. Adotando cotidianamente atitudes de solidariedade, cooperação, repúdio às injustiças e discriminações com certeza a participação e compreensão do espaço público será mais efetiva. Percebo que seguindo estas concepções e assumindo posturas democráticas e participativas considerando os juízos de valores do grupo sem sombra de dúvidas estaremos rumos a uma Sociedade mais justa e solidária. A Felicidade não implica no ter e sim no SER HUMANO é algo que já está dentro de nós e resta sabermos cultivar e deixar aflorar servindo ao próximo e compartilhando os ensinamentos dos grandes mestres. Somos apenas sementes convido-o a aflorar junto e fazer parte deste time. Somos bastidores da ALEGRIA para que muitos possam brilhar no Palco da VIDA.
Bem, dizer o que mais Helena?
Você descreveu o caminho. Basta trilharmos e, a exemplo da Filosofia Ubuntu, dividir TUDO e SEMPRE. Pois, como diz o poeta: "É impossível ser feliz sozinho." Agora entendo ainda melhor este verso. Além disso, fiquei tentada a pesquisar mais, porque imaginei o quanto sou "menor" do que estas crianças que, diante do pouco que tinham, não hesitaram em dividir, porque se uma ÚNICA criança não sentisse prazer semelhante, isso seria o suficiente para que nenhuma delas fossem felizes com os doces oferecidos.
Mais que uma filosofia UBUNTU é um exemplo a ser aprendido (ou redescoberto dentro de nós, pois egoismo também se aprende) e reforçado cotidianamente por todos nós.
Obrigadíssima pela sempre preciosa participação.
Com ubuntu,
Mari Monteiro
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