terça-feira, 28 de janeiro de 2014

FAMÍLIA E ESCOLA: DISCUTINDO A RELAÇÃO

Por Mari Monteiro



Esta é a capa da conceituada Revista Educação, edição de Janeiro de 2014. O que, por si só, justifica o título deste artigo. O que está em pauta é a desgastada relação entre a escola e a família.


De acordo com a reportagem, que serve de base para este texto, o desgaste se deve; sobretudo, ao fato de que a analogia entre o estereótipo de família feliz da propaganda de margarina que era, de certa forma, transferido, para o encontro entre pais e professores, que também eram encontros felizes já não existe mais: "(...) os pais chegam junto à escola e se encontram com professores aos sorrisos. Nos livros, nos projetos pedagógicos, nas políticas públicas, encontra-se uma criança feliz na sala de aula e na vida.(...)" Camargo, 2014 - In. Rev. Educação -  Janeiro, 2014:40. Ocorre que tal visão, na realidade acadêmica, nas pesquisas de opinião e nos portão da escola ou na sala dos professores demonstra, exatamente, o oposto deste cenário.

Estudos realizados que enfatizam a urgência em melhorar a relação entre a escola e a família preveem que, antes de tudo, haja uma compreensão mais profunda do conceito de PARTICIPAÇÃO. Isso tudo porque a escola para a qual os pais entregavam seus filhos há décadas não existe mais. Há tempos a escola não tem mais, em primeiro plano, o caráter INSTRUCIONAL. Os papéis estão um tanto embaralhados e, em certas circunstâncias, beirando a inversão. Ou seja; não está mais claro que a escola instrui e a família educa. Segundo a pesquisadora Maria Alice Nogueira (UFMG), "os professores esperam dos pais um auxílio até mesmo para a tarefa de preparar, fixar ou estender as aprendizagens, como se a família devesse agora funcionar como um complemento pedagógico. Por outro lado, as famílias também querem que  a escola assuma funções de formação de valores, de condutas e até de desenvolvimento emocional dos alunos." (Op. Cit. :40)

Fato é que, de acordo com  informações dos questionários da Prova Brasil (2011),  para 95% dos professores os fracassos escolares são atribuídos à falta de assistência e de acompanhamento dos pais; para 82%, as causas estão relacionadas ao meio em que o aluno vive e, ainda, para 74% tem a ver com o nível cultural dos pais. Ou seja, para a maioria esmagadora dos professores, o retrato da família brasileira é o de PAIS DESCOMPROMETIDOS com o sucesso escolar dos filhos.

Já, quando a pesquisa envolve os pais, estes demonstram, em sua maioria, a insatisfação com a qualidade do ensino. Num estudo realizado, no Brasil, pelo IBOPE, em 2012, foi constatado que, no que se refere à qualidade do ensino nas escolas da Rede Pública, a nota foi 5,2 e 6,7 nas Escolas Privadas. Ou seja, os pais não estão satisfeitos nem com uma , nem com outra instituição. O fato curioso desta pesquisa é que os pais não se posicionam contrários aos professores. Eles afirmam que a maioria (80%) dos professores possui um conhecimento bom ou muito bom acerca das disciplinas que lecionam  e que uma das questões chave para solucionar o empasse seria a MELHORIA  DOS SALÁRIOS DOS DOCENTES.


Enfim, para instigar a continuidade desta conversa (que só iniciamos) e a busca de ações para que as "PARCERIAS", de fato aconteçam, adianto que esta não é uma empreitada fácil. E convido  todos a lerem, na íntegra, a reportagem de capa da Revista Educação, Ano 17 - 201 de Janeiro de 2014. Aos interessados que não encontrarem mais exemplares desta edição na banca, resta a opção solicitar o empréstimo da Revista na nossa Sala de Leitura. Será uma excelente reflexão e uma boa oportunidade para  ler os demais artigos igualmente relevantes. Além disso, seguem sugestões de leituras sobre o tema. Boa leitura!

































2 comentários:

MARIA HELENA disse...

Creio que este assunto é um tanto complexo e que ambas as partes (família e escola) não conseguem desempenhar seus papéis. Somos sabedores da rivalidade ainda entre docentes e família (aqueles que não querem pai na escola), o que emperra toda uma engrenagem que poderia ser exemplo de parceria. Não justifico aqui a ausência de algumas famílias, mais em se analisando a realidade social de nosso país, a questão da sobrevivência e os arrimos de família precisamos ser sensíveis e fazer desta escola um espaço de convivência e construção democrática para que a escola de fato possa escolarizar (o que não tem conseguido fazer). Esta colocado o desafio e cabe aos compromissados com uma verdadeira transformação social vencê-lo, mesmo que em passos de formiguinha, mais estar aberto a esta construção sem insistir em ser o professor de antigamente numa escola da Era Virtual. Vamos lá????????

E.E. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE disse...

Helena, meu mimo...

Também creio que seja este o caminho: atuar, mesmo que engatinhando, no sentido de promover uma mudança de postura; sobretudo, da nossa parte (enquanto educadores). Afirmo isso porque, particularmente, creio que a "iniciativa" deste processo de parceria entre escola e família deve partir da equipe escolar; ou seja, cabe a nós educadores que, supõe-se, temos um maior entendimento para tanto, promover as discussões e as ações necessárias para que a escola (no sentido mais amplo da palavra) possa, ao mesmo, SE APROXIMAR, da realidade virtual, imagética e instantânea que nossos alunos ("nascidos na Era Digital) vivenciam.

Abraço

Mari Monteiro