POR MARI MONTEIRO
PROJETO
SALAMANCA + 20
RELATÓRIO
SOBRE O QUARTO ENCONTRO – HTPC de 06/09/2014
A fim de responder a quarta
questão referente ao quarto encontro do Projeto Salamanca + 20, durante as
conversas realizadas nos grupos do Ensino Fundamental I e na EJA (Educa cão de
Jovens e de Adultos) adotamos a seguinte metodologia:
Primeiramente, procuramos
nos inteirar das diferentes “visões” sobre Currículo a fim de iniciar uma
discussão a respeito da temática deste encontro: “A IGUALDADE DE ACESSO AO
CURRÍCULO ESCOLAR.” Diante disso, segue o primeiro texto analisado pelo grupo:
ALGUMAS
DEFINIÇÕES DE CURRÍCULO:
“(...) o currículo não diz respeito apenas a uma relação de conteúdos,
mas envolve também:
“questões de poder, tanto nas relações professor/aluno e
administrador/professor, quanto em todas as relações que permeiam o cotidiano
da escola e fora dela, ou seja, envolve relações de classes sociais (classe
dominante/classe dominada) e questões raciais, étnicas e de gênero, não se
restringindo a uma questão de conteúdos”. (HORNBURG e SILVA, 2007, p.1)”
Veiga (2002) complementa
“Currículo é uma construção social do conhecimento, pressupondo
a sistematização dos meios para que esta construção se efetive; a transmissão
dos conhecimentos historicamente produzidos e as formas de assimilá-los,
portanto, produção, transmissão e assimilação são processos que compõem uma
metodologia de construção coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o
currículo propriamente dito.” (VEIGA, 2002, p.7). (“...)”
http://educador.brasilescola.com/orientacao-escolar/curriculo-no-contexto-escolar.htm
- (acesso em 05/10/2014).
Em seguida, assistimos ao vídeo de Adora Svitak, um a
adolescente norte - americana considerada superdotada, que discorre sobre a
importância do ato de APRENDER COM AS CRIANÇAS. Segue o link:
https://www.youtube.com/watch?v=V-bjOJzB7LY
(acesso em out./2014)
Logo depois, assistimos ao vídeo: “A tirinha que emocionou o
mundo”, a fim de fomentar uma discussão acerca da exclusão das pessoas idosas e
da necessidade de RESPEITO e de TOLERÂNCIA para com os mesmos. Segue o link:
https://www.youtube.com/watch?v=YfR779f7r8w
(acesso: out.2014)
Após a discussão sobre a questão do respeito ao idoso no Brasil,
procedemos à discussão coletiva para responder a questão IV:
► POR GENTILEZA, LEIA O TEXTO
ABAIXO E DESENVOLVA A QUESTÃO ABAIXO: O currículo escolar abrange as
experiências de aprendizagens implementadas
pelas instituições escolares e que deverão ser vivenciadas pelos estudantes.
Nele estão contidos os conteúdos que deverão ser abordados no processo de
ensino-aprendizagem e a metodologia utilizada para os diferentes níveis de
ensino.Ele deve contribuir para construção da identidade dos alunos na
medida em que ressalta a individualidade e o contexto social que estão
inseridos. Além de ensinar um determinado assunto, deve aguçar as potencialidades
e a criticidade dos alunos.Nessa perspectiva, a função da teoria curricular é compreender e
descrever fenômenos da prática curricular. É através da teoria que teremos a
compreensão do objeto e intenções de um determinado grupo social. Temos como
teorias do currículo:
- Teorias tradicionais: ela tem como objetivo principal preparar para
aquisição de habilidades intelectuais através de práticas de memorização.
Esse tipo de currículo teve origem nos Estados Unidos e tem como base a
tendência conservadora, baseada nos princípios de Taylor, esse que
igualava o sistema educacional ao modelo organizacional e administrativo
das empresas.
- Teorias críticas: argumenta que não existe uma teoria neutra,
já que toda teoria está baseada nas relações de poder. Isso está implícito
nas disciplinas e conteúdos que reproduzem a desigualdade social que fazem
com que muitos alunos saem da escola antes mesmo de aprender as
habilidades das classes dominantes. Percebe o currículo como um campo que
prega a liberdade e um espaço cultural e social de lutas.
- Teorias pós-críticas: nessa perspectiva o currículo é tido como
algo que produz uma relação de gêneros, pois predomina a cultura
patriarcal. Essa teoria critica a desvalorização do desenvolvimento
cultural e histórico de alguns grupos étnicos e os conceitos da
modernidade, como razão e ciência. Outra perspectiva desse currículo é a
fundamentação no pós-estruturalismo que acredita que o conhecimento é algo
incerto e indeterminado. Questiona também o conceito de verdade, já que
leva em consideração o processo pelo qual algo se tornou verdade.
É por causa dessa divergência entre as teorias curriculares que a escola
deve procurar discutir qual currículo ela quer adotar para se chegar ao
objetivo desejado. Essa escolha deve ser pensada a partir da concepção do seu
Projeto Político Pedagógico, esse que deve fundamentar a prática teórica da
instituição e as inquietudes dos alunos. Referências
Bibliográficas:
MOREIRA,
Antônio Flávio Barbosa. Currículos e Programas no Brasil. Campinas:
Papirus, 1990.·.MOREIRA
(org.) Antônio Flávio Barbosa. Currículo: Políticas e práticas.
Campinas: Papirus, 199º.
► O QUE DEVE SER FEITO DE DIFERENTEW NA ESCOLA, PARA QUE OS ALUNOS TENHAM IGUALMENTE ACESSO AO
CURRÍCULO?
Após a realização das leitoras, análises e discussões em grupo, eis as
respostas elaboradas pela Equipe Carlos Drummond. Um dos grupos entende que o
currículo escolar deve ser flexível, com estratégias e critérios que
possibilitem ao docente a tomada de decisões necessárias e adequada à ação
educativa de modo a atender as necessidades dos alunos. Ou seja, devemos ter
adaptações curriculares, tanto no âmbito da acessibilidade como no pedagógico.As modificações pedagógicas devem acontecer no planejamento, com
objetivos preestabelecidos; principalmente no que se refere aos processos de
avaliação, o que depende, obviamente, de mudanças atitudinais.O aluno, com qualquer tipo de deficiência, deve estar incluído nas salas
regulares, não apenas por direito legal, mas por ser um sujeito social. Isso
não significa que ele vá aprender os mesmos conteúdos que os demais educandos;
mas, certamente, aprenderá de modo diferente, com as devidas adaptações. Além
disso, devemos respeitar todas as formas de singularidade de cada aluno e
possuir a consciência de que ensinar “na singularidade/diversidade” é um grande
desafio, pois a grande maioria dos profissionais que atuam com essa população
não é formada para lidar com a diversidade e nem dispõe de material adaptado a cada deficiência, para que os educandos possam se
apropriar dos conhecimentos curriculares.Retomando a questão do processo de avaliação, questionamos: como um
aluno com deficiência é respeitado na sua singularidade se é avaliado como os
demais? Se esse aluno apresenta experiências e vivências completamente
diferenciadas dos outros educandos?
Assim, acreditamos que seja necessária a formação de um grupo de estudos e de pesquisas acadêmicas tanto com os profissionais atuantes com os alunos inseridos na escola regular, como com os especialistas, a fim de que se chegue a um denominador comum e que sejamos capazes de aprimorar a prática docente de modo a encontrar o “EQUILÍBRIO” necessário para que não seja negada a atenção a alguns, em detrimento de outros.O grupo de professores da EJA, após discussões e reflexões coletivas, destacaram os seguintes aspectos no que se refere ao currículo escolar:
·
Escola
e diversidade não se separam mais.
Uma
das lições mais importantes que fica é que educar na diversidade é ensinar e
aprender junto com alunos, num universo de diferenças físicas, sociais e
culturais focando sempre na convivência com todos, caminhando para a construção
efetiva de uma sociedade com iguais oportunidades e direitos. Aliás, o
significado de algumas palavras que caracterizam o currículo contemporâneo como
“cultura”, “cidadania”, “tolerância” ganham destaque e cuidados especiais em
suas essências, já que podem ter sentidos múltiplos, podendo a chegar a ser
antagônicos. Tudo isso, porque os estudos sobre sociedade inclusiva ainda é
recente no Brasil e no mundo.
·
Currículo
escolar na era da Diversidade e Cultura Inclusiva
Façamos a seguinte reflexão: tanto os conceitos quanto as terminologias,
eles vão se adequando e se aprimorando às melhores possibilidades de uso na
medida em que a sociedade vai se deparando com essas realidades. Com a evolução
da ciência, consequentemente, as leis vão sendo criadas
ou adaptadas principalmente no que diz respeito à garantia do acesso e da
permanência em todos os espaços, incluindo é claro, a escola.
Por isso, é
preciso que o professor não tenha como referência um currículo, mas sim
“currículos”. Não se exige do aluno deficiente o mesmo que se espera do aluno
que tem suas potencialidades no limite máximo de sua exploração. O currículo é
algo flexível e discutível.
·
Diferenciando
conceitos para definir currículos.
Outro
ponto que destacamos nessa jornada de estudos sobre este tema, foi a
diferenciação entre: EXCLUSÃO – SEGREGAÇÃO – INTEGRAÇÃO – INCLUSÃO. É preciso
que o professor conheça os conceitos para que possa diferenciar sua postura de
trabalho, colaborando na construção do currículo; ao invés de focalizar na deficiência
da pessoa, enfatizar o papel da escola
comum, buscando formas e condições de aprendizagem com apoio da Educação
Especial.
· Professor
atuante não engole “currículo” que é imposto. Ele cria seu currículo
respeitando seu aluno.
Concluímos
por ora, que o cenário atual pede um educador consciente, que busca o
conhecimento desses e outros conceitos dentro da educação inclusiva. Façamos um
paralelo entre a reforma ortográfica que sofreu a Língua Portuguesa - onde a
sociedade espera e cobra do profissional de educação que ela esteja incorporada
à sua rotina de trabalho, com a questão da inclusão. É inadmissível que o
professor não esteja inteirado do tema a fim de que suas ações pedagógicas se
voltem para um posicionamento claro para a diversidade. Evidentemente, o corpo
docente necessita estar
auxiliado por uma equipe gestora que assuma tal postura e que o gerenciamento
da rede de escolas também possa ter esse mesmo olhar, que possa estar em
sintonia na mesma perspectiva: uma escola para todos, que respeita as
diferenças, mas favorece as mesmas oportunidades sem distinção.
Assim,
sendo acreditamos que, tão logo as mudanças sugeridas (e necessárias)
aconteçam, de fato, no âmbito curricular, o aluno portador de deficiência terá
sua oportunidades e possibilidades ampliadas. E, consequentemente, os
educadores (melhor preparados e contando com os recursos e suporte técnico
necessário), munidos da AUTONOMIA PEDAGÓGICA que lhes cabe, poderão se sentir
menos pressionados no sentido de promover uma educação mais igualitária em sala
de aula.
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