segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

RELATÓRIO SALAMANCA + 20 - SEGUNDO ENCONTRO

POR MARI MONTEIRO



PROJETO SALAMANCA + 20
RELATÓRIO SOBRE O SEGUNDO ENCONTRO – HTPC de 08/09/2014


Neste primeiro encontro de educadores, realizado nesta Instituição de Ensino, além de apreciarmos alguns vídeos; dentre eles, o depoimento de uma cadeirante trabalha e utiliza transporte público todos os dias. A partir deste depoimento, foi possível ter uma significativa ideia das dificuldades encontradas especificamente no que se refere à mobilidade urbana (https://www.youtube.com/watch?v=Owi3FRhk57I) . Este procedimento resultou numa discussão bem produtiva sobre a relação entre cidadania e deficiência física. Em seguida, houve um diálogo sobre os aspectos abordados no Primeiro Relatório. A partir de então, procedemos à leitura do seguinte texto – base para a proposta 02:

INCLUSÃO

Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introduzir. Inclusão é o ato ou efeito de incluir. A inclusão social das pessoas com deficiências significa torná-las participantes da vida social, econômica e política, assegurando o respeito aos seus direitos no âmbito da Sociedade, do Estado e do Poder Público. A inclusão é um processo que acontece gradualmente, com avanços e retrocessos isto porque os seres humanos são de natureza complexa e com heranças antigas, têm preconceitos e diversas maneiras de entender o mundo. Assim sendo, torna-se difícil terminar com a exclusão e mesmo existindo leis contra a mesma, nãosão leis que vão mudar, de um dia para o outro, a mentalidade da sociedade assim como o seu preconceito. (...)


Vários países já criaram leis que protegem os deficientes e que os incluem na sociedade. Um deficiente deve ser considerado um cidadão, isto é, um indivíduo que pode gozar dos seus direitos civis, políticos, econômicos e sociais de uma sociedade assim como deve cumprir os seus deveres para com esta.
Um cidadão deve ter dignidade, ter honra e ser respeitado por qualquer outro, ou seja, todos os deficientes têm direito a ser respeitados, pois também são cidadãos. Alguns dos objetivos de vários países são:

• “Promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”;
• “Construir uma sociedade livre, justa e solidária”;
• “Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”;

A expressão “bem de todos” indica que os direitos e deveres da sociedade pressupõem que todos são iguais perante a lei. Desta forma, é importante existir direitos específicos para as pessoas portadoras de deficiência, direitos que compensem, na medida do possível, as limitações e/ou impossibilidades a que estão sujeitas.

Existem muitas leis, no entanto, as atitudes de rejeição criam barreiras sociais e físicas que dificultam o processo de 
integração. Isto se deve ao fato da sociedade possuir um modelo de Homem, ou seja, cada pessoa elege um padrão e todos os que fujam a ele são olhados de uma maneira diferente. Um bom exemplo disto são os deficientes que, por vezes, também são olhados na rua como algo diferente, talvez por fugir ao modelo de Homem estabelecido por cada um.


QUESTÃO 02: Pelo que você observa, em seu contexto de vida, às pessoas com deficiência têm sido oferecidas as condições para que as mesmas exerçam seus direitos, como QUALQUER CIDADÃO do Brasil? Justifique:
O mais interessante foi que na medida em que o texto foi lido, o grupo parava e se dispunha a conversar sobre os aspectos principais nele abordados. Os pontos de vista mencionados pelos educadores foram de grande valia para, posteriormente, servir de base para o comentário escrito.

Após a leitura dos comentários escritos sobre quais condições têm sido oferecidas às pessoas com deficiência para que as mesmas exerçam seus direitos, como QUALQUER CIDADÃO do Brasil, concluímos que as condições oferecidas às pessoas com deficiência são ainda muito precárias. Ou seja; tanto a questão da mobilidade urbana como as restrições e obstáculos encontrados pela pessoa com deficiência estão distantes de um cenário plausível ao bem estar desta.

Outro aspecto abordado pelo grupo diz respeito ao fato de a pessoa portadora de deficiência encontrar inúmeras dificuldades de, através de habilidades outras, ser inserida no mercado de trabalho e demonstrar seu valor e sua aptidões como todo cidadão. Não há como, por exemplo, exigir que um cadeirante que depende do transporte público, chegue todos os dias pontualmente ao seu local de trabalho. Isso porque, há uma série de fatores envolvidos: o trajeto; a quantidade de ônibus adaptados e a eficiência dos mesmos.

Além das questões já mencionadas, foi discutida também a existência das leis que objetivam a inserção da pessoa deficiente no mercado de trabalho. O questionamento principal é que, apesar da existência da lei, as empresas nem sempre contam com locais acessíveis; com transporte especial para cadeirantes e nem com uma “política de relacionamento”, no sentido de garantir que não exista qualquer forma de preconceito.

Podemos afirmar que apesar do que diz o artigo 1º da “Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência”, a participação da pessoa com deficiência na sociedade, de um modo, geral, está distante de ser considerada satisfatória. Desta maneira, devemos TODOS nos sentir parte da luta (como pessoas, educadores e cidadãos) por uma participação social plena e equitativa. O que

não é fácil; partindo do princípio – e isso foi observado em determinadas falas do grupo – de que “nós, professores, muitas vezes, trazemos para nós uma responsabilidade que não nos compete.” Com relação a tal posicionamento, maioria acredita que o conhecimento acerca das leis relacionadas à sociedade e à educação inclusive é um DEVER de TODO educador.
Inclusive, conforme as palavras resultantes de uma conversa entre as professoras Ivonilde Cardoso e Vera Lovato, “O Poder Público anda passos de tartaruga, pois nas ruas o acesso não proporciona o caminhar descomplicado que o portador de deficiência necessita. As escolas não estão preparadas para o enfrentamento dos vários tipos de deficiência.”

Assim sendo, ainda há muito que ser analisado e compreendido em termos de inclusão social. E, sem dúvida, estes encontros, oportunizados pelo PROJETO SALAMANCA + 20, oferecem conhecimentos advindos das pesquisas coletivas e individuais que, acima de tudo, provocam as reflexões necessárias para que, mesmo a médio ou longo prazo... Daqui a mais 20 anos, consigamos avançar significativamente em TODOS os aspectos inerentes à inclusão.

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